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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 216-1

216-1

INDICADORES DE TUBERCULOSE NO ESTADO DO CEARÁ NO PERÍODO DE 2001 A 2022: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA

Autores:
Francisco Iuri da Silva Martins (UNILAB - UNILAB) ; Thereza Dávila Uchôa da Silva (UNILAB - UNILAB) ; Ana Lydia Costa Franco (UNILAB - UNILAB) ; Luanne Eugênia Nunes (UNILAB - UNILAB) ; Aline Santos Monte (UNILAB - UNILAB)

Resumo:
A tuberculose (TB) é uma doença crônica infectocontagiosa causada por bactérias do grupo das micobactérias, sendo o Mycobacterium tuberculosis o principal agente etiológico. Embora tenha-se alcançado uma melhor terapia medicamentosa no combate à doença, a tuberculose permanece como um dos principais problemas de saúde pública mundial. Estima-se que no mundo, em 2019, 10 milhões de pessoas desenvolveram TB, destes cerca de 1,2 milhões chegaram a óbito. No período de 2017 a 2019 a incidência de TB aumentou no Brasil, no qual, no ano de 2019, 13 unidades federativas apresentaram um coeficiente de mortalidade por TB próximo ou superior ao coeficiente do país, sendo o estado do Ceará um deles. Nesse contexto, o presente estudo visou analisar as características epidemiológicas dos casos de TB no Ceará, entre os anos de 2001 e 2022. Trata-se de um estudo descritivo e transversal, baseado em dados obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponíveis na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Avaliou-se os seguintes indicadores: número de casos confirmados notificados, macrorregião de saúde, sexo, raça, faixa etária, zona de residência, escolaridade, tipo de entrada, tipo de TB, institucionalizado, teste de sensibilidade, Tratamento Diretamente Observado (TDO), cultura de escarro e coinfecções. Os resultados demonstraram que 94.410 casos foram confirmados no período de estudo, sendo que o ano de 2009 apresentou um maior índice de casos diagnosticados (4,97%), posteriormente houve reduções progressivas nesta quantidade, até o ano de 2014, no qual elevou-se novamente. Dentre os casos de diagnosticados, percebeu-se que 69,25% foram diagnosticados na macrorregião de saúde de Fortaleza, enquanto 2,75% foram diagnosticados no Litoral Leste/Jaguaribe. Não somente, constatou-se que entre os casos diagnosticados predominou-se o sexo masculino (63,92%), pardos (62,1%), com faixa etária de 25 a 34 anos (21,64%), moradores da zona urbana (59,33%). Quanto a escolaridade, observou-se um maior quantitativo de indivíduos da 5ª a 8ª série incompleta do Ensino Fundamental com quadro confirmado de TB. A respeito do tipo de entrada, 76.320 (80,84%) dos casos notificados foram casos novos diagnosticados. Ainda, 80,91% dos casos confirmados foram pulmonares e 11,07% extrapulmonares. A respeito da institucionalização, não identificou-se casos confirmados de TB em asilos, presídios, orfanato e hospital psiquiátrico a partir do ano de 2015. Além disso, 80,06% dos casos ignoraram o teste de sensibilidade a rifampicina e isoniazida, além de que em 28,07% dos casos o TDO não foi realizado. Outra informação analisada foi a cultura de escarro, no qual inferiu-se que em 79,25% dos casos não foi realizada. No que tange a coinfecções, notou-se que 5.802 (6,15%) indivíduos apresentam diagnóstico de HIV, entretanto somente 1.862 fazem uso de algum antirretroviral. Dessa forma, conclui-se que, com elevado número de casos novos confirmados, no período estudado, não houve redução do contágio da doença na última década, principalmente pela desigualdade social e seus determinantes no estado do Ceará. Não obstante, é preocupante o elevado número de casos em que o teste de sensibilidade aos antibacterianos foram ignorados, pois dá-se margem para possíveis resistências bacterianas. Por fim, reforça-se o fortalecimento da prevenção da TB no estado do Ceará para que os indicadores da doença reduzam significativamente.

Palavras-chave:
 Infecção por Mycobacterium tuberculosis, Monitoramento epidemiológico, SINAN